quarta-feira, junho 13, 2007

20 anos blues...

A lembrança agora me vem mais pálida, um quase esquecimento, mas é claro prá mim que havia um entender mútuo, coletivo, uma quase conformidade galgada em instantes serenos, em horas e copos eufóricos.
Mas nunca, e isto também me é límpido - o que me inicia a dúvida sobre a palidez do meu lembrar - nunca havia em mim a transparência necessária, o entendimento dos "nãos", uma sinceridade em lágrimas. Os anos iam se passando e eu me lembro de não mais achar que eles me atropelavam; havia aprendido a lidar com os entardeceres que podiam se confundir com manhãs, porque percebi que havia, sempre havia aqueles instantes escondidos entre as horas que compensavam meu acordo tácito com o espelho - mais um dia, mais um dia.

Os vinte anos, o falso amadurecer precoce, a vontade mórbida de me amargar antes da hora... Só eu não percebia como isto contrastava pateticamente com a criança que eu ainda era, com a vitalidade dos meus sorrisos, dos meus abraços.
À época me pesavam falsamente; hoje se taturam doce em minha memória, agora concluo, tão certa, tão falha.


[A mudança abstrata de dígitos - não veio a velinha dos 20 mas vieram mais de 20 abraços -, o blues da Elis, as lembranças do Herberto Helder, o formigamento de felicidade em meio a uma estética forçosamente melancólica... parabéns, atrasado, prá mim.]

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