segunda-feira, outubro 03, 2005

[Relacionar-se é destruir-se
ou
O máximo que meu pessimismo consegue
ou
Getting bitter.]


Gente? De gente eu tenho é medo.
Esses seres cheios de olhos e bocas e ouvidos, e dez dedos prá meter no meio da minha cara...
... De gente. Sei se gosto não.
Eles sabem juntar sílabas e delas fazer armas, cravar espinhos na pele alheia com atos. Gente machuca, gente finge, gente mata.
O universo inteiro, com tudo o que possui de mais infindável e inefável, em poucos instantes se converge num umbigo de gente. É capacidade incompreensível de minimizar o grandioso e engrandecer o pequeno. E me diriam ainda ter razão, já que "tudo depende da ótica."
Prendem-se à lógica, ao que é palpável, ao racional. Nesse mundo de gente parece até não existir nada capaz de transcender a imaginação. Tudo cercado por grandes grades pouco espaçadas. E isso é, e isso não é.
Diz prá mim, como gostar? Eu só faço é ter medo e querer distância.
Até a hora em que me ponho frente a um espelho - essa invenção de, adivinhe quem? que prá mim só tem a serventia de massagear ou pisotear o ego de cada um - e me vejo piscar dois olhos, apontar dez dedos, abrir uma boca.
Se é gente o que eu sou, é de gente que eu preciso.
Com medo e com mágoa eu me armo, então. Se relacionar-se é preciso, finjamos logo paz, e marchemos rumo a iminente destruição.


[Rolling Stones - Wild Horses. (Músicas acompanham sempre. E o bom é que a relação é unilateral.)]

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