terça-feira, outubro 11, 2005

Caderno.

Cadernos de escola/faculdade/cursinho ou o que quer que seja costumam guardar uns escritos no mínimo curiosos.
As folhas do meu abrigam umas coisas que, hora eu penso não ter sido eu que escrevi, hora eu tenho vergonha de ter escrito. É uma confusão de sentimentos e idéias que depois de um certo tempo [uma hora, um mês, três anos] passam a já não ter mais sentido, ou confirmam seu significado - tanto faz. Divirto-me lendo essas coisas.

Oia aê:

Diretamente da aula de História Contemporânea:

"Ás vezes eu gosto de me perder no limiar de tudo. E ficar divagando, a saltar entre as extremidades tão êfemeras quanto bem marcadas das coisas.
Do último ao não suspiro - como é sentir o meio? Dói fazer a transposição?
E o instante do romper duma bexiga, a medida exata de quanto ar cabe ali dentro - eu terei algum dia?
A descarga de adrenalina que uma pele na outra causa, o durante que se faz devido a um antes e um depois, objetivamente - alguma vez na vida eu tenho de querer o certo - eu quero conhecer aquele momento.
O limite. É, o saturado. Isso é difícil de pegar nas mãos. Eu sei que há, mas tocar eu nunca irei.
É que quando eu digo que me esgoto, pode ser que eu aguentei mais que o possível, ou que ainda eu aguentaria muito [ou só um pouco] mais.
E a minha angústia é querer ver claramente até onde vou eu, até onde vai você, até onde tudo vai. Exatamente como a beira do abismo, aquela que, ainda que consciente da infinidade de todas as medidas, não permite mais nenhum movimento.
O limiar. É o desconhecido em que eu quero me perder."



E agora, Apuração e Redação Jornalística:

"Ansiedade parece um bicho te comendo pelas entranhas, o tempo todo e todo o tempo se arrasta. Como se houvesse modo de se sentir as picadas e as moridadas, e esperar como que um desespero que aquela dor não sentida pare de latejar.
É acordar e já rastrear por dentro - lá nos confins da mente - as causas prá que o tormento se dispare. Esperar pelo que vem depois quando talvez já não haja mais o que vir.
É grito preso que, se sai, já não sei, acho que se faz mais alto e forte que qualquer outra coisa que exista.
Aí o dia passa e passa a vida e ficam as horas a se arrastar, uma após a outra, e o presente não se consegue viver.
Ansiedade leva ao ócio e o ócio mata."


Tem mais, tem sim. Tem letra de música, tem cachorrinho que a gente faz emendando as letrinhas CU, tem casinha com blá blá blá saindo da chaminé, tem meu nome, tem florzinha, tem risco, tem mil besteiras.
E eu sei que não minto nem me engano se afirmar que isso não passa dum reflexo dessa cabecinha besta minha.

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